domingo, 26 de dezembro de 2010

Três visões, três vontades, três atitudes, três verdades

Olá a todos!

Vale a pena ler esta conversa. Percam só 10 minutos a assistir a este debate entre três amigos que se respeitam mas têm opiniões bastante diferentes no que toca a candidatos presidenciais, embora tenhamos os três a mesma vontade de agir, de mudar alguma coisa, de exercer uma cidadania activa.

Divirtam-se ;D

(cliquem no título da mensagem)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Apelo à democracia

Maltinha,
Isto é mesmo muito importante. Estamos a menos de um mês das eleições presidenciais de 23 de Janeiro. Precisamos de Voluntários para as mesas eleitorais - cidadãos e cidadãs que aí queiram representar esta Candidatura da Esperança e da Cidadania – e PAGAM-VOS 75€ (o Estado). É um trabalho de um dia (+/- das 8h às 20h) que, para além de ficar bem no vosso currículo, ajuda em muito a que não haja as chamadas “aldrabices” que todos ouvimos falar – como votos em branco preenchidos com cruzinhas após a hora da votação pelos responsáveis da mesa de voto, votos num determinado candidato anulados à minima coisa…


Principalmente em locais rurais e isolados é necessária esta fiscalização, são locais onde só devem haver mesmo os três representantes minimos necessários para a existência de uma mesa de voto e onde há menos fiscalização. Por isso, se tiverem amigas ou amigos que estejam dispostos a ir podem sempre contactar-nos.
Respondam o mais rapidamente possível,
Abreijos a tod@s,
Diogo

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Agarra-te

Falamos da vida como se não nos pertencesse.
- a vida está difícil
- a vida rouba-nos os sonhos
- a vida é tramada

Não percebo. Não é a culpada de nada, é apenas a sucessão de acontecimentos da nossa existência
A vida não é ela, é eu.
É minha.

É urgente agarrar-mo-nos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Pêlos

Meus caros,

como todos devem saber o meu cabelo apresenta-se regularmente entre o loiro e o castanho. Todos os pêlos do meu corpo (não imaginem de mais por favor) estão também entre estes dois tons. Afigura-se-me então um facto curioso. A minha dúvida é a seguinte: o ruivo está entre estes dois tons ou não?

Medicamente falando, nunca me foi detectado albinismo. Como sabem, é da moda usar barba e eu, como modamente actualizado que tento, e friso tento, ser, decidi deixar crescer a penugem que há em mim pela face que vós vêem quando casualmente me encontro com vossas excelências. E não é que me cresceu, cheio de pujança diga-se!, um tufo de barba ruiva no canto inferior esquerdo do queixo?

Venho aqui expressar publicamente a minha indignação perante tal facto e pedir a Deus que me restitua a cor "entre o loiro e o castanho" que me caracteriza e tanta fama me tem dandos pelos 4 cantos... da minha casa.

Obrigado e bom dia a todos!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Conselho de Estado jovem

Ontem estive num espectáculo de stand-up comedy no Teatro da Trindade, às 19h. Perante uma assistência de 400 pessoas (teatro praticamente cheio), Luís Filipe Borges, António Raminhos e Nilton fizeram uma plateia inteira rir do Estado do País. Perante o pessimismo que se alastra, é sempre importante trazer de volta os sorrisos aos Portugueses. O que me espantou foi a receptividade com que estas 400 pessoas (na sua grande maioria jovens - não fosse esta uma acção da Coordenadora da Juventude) receberam a mensagem de Fernando Nobre.

Depois de anunciar "Nascerá comigo um outro Conselho de Estado, de consulta informal do Presidente, um Conselho de Estado virado para o futuro, em que todos os seus membros terão menos de 35 anos", foi mais longe e, apesar de afirmar que nada tem "contra um Conselho de Estado feito de senadores e com um passado brilhante" disse ainda "quero ter comigo um Conselho de jovens que tenham mais futuro do que passado, que tenham mais energia e menos cinismo, que tenham mais coragem e menos medo". É esta a coragem que precisamos nos dias de hoje. É este o caminho que temos que seguir. Todos estamos fartos de políticos com pó, as mesmas palavras de sempre e os mesmos resultados.
-temos tido boas intenções na política em Portugal?
Diria que sim, mas a prática não tem acompanhado essas intenções. As "promessas de político" são ridicularizadas, tidas como algo pejorativo, e não têm credibilidade num País que precisa de mudar muito.

- o futuro é nosso, dos jovens. No passado já outras gerações tiveram a oportunidade de tornar Portugal num País maior. Por muito que tenham tentado, muitos desperdiçaram essa chance. Hoje é a nossa vez, o nosso tempo, o NOSSO momento.

Fico com pena apenas da falta de divulgação na Comunicação Social destas medidas anunciadas e de uma acção de Campanha que, arrisco a dizer-me, nunca teve nada similar no passado. Correu bem. Faremos mais e iremos mais longe com as nossas ideias inovadoras, a nossa vontade de mudança, a nossa inexperiência com vontade de aprender aliada à experiência de muitos. Se o dia de ontem foi um sucesso não foi devido à presença de personalidades famosas ou ao empenho destes. Foi devido a anónimos, cidadãos portugueses e participativos, que não querem defraudar as expectativas daquele que é para mim o melhor candidato de sempre à Presidência da República.

É impressionante como todos dizemos mal dos nossos governantes
- só fazem porcaria
- são todos uns sacanas
- aldrabões
- mentirosos
- damos-lhes a oportunidade de governar e deixam o País na miséria
mas quando nos dão um voto para a mão, quando nos dizem
- agora é a TUA vez de decidir
nós limitamo-nos a fazer o que sempre fizemos e, ou nos deixamos em casa, ou elegemos os mesmos. É uma incongruência enorme que simplesmente não compreendo. Não comprariam na praça um peixe que sempre disseram ser de péssima qualidade. Não adeririam a um tarifário que sempre afirmaram ser o pior do mercado. Não escolheriam para vosso amigo a pessoa que sempre odiaram. Porque elegem então para vosso representante a pessoa que sempre disseram ser a pior ou que é um responsável directo pelo estado de Portugal?

Fico aqui, sentado a um computador, pasmado, à espera que um dia o País acorde. Até lá, resta-me ir denunciando isto e tentando despertar os que me rodeiam. Façam vocês também a vossa parte e pode ser que a 24 de Janeiro acordemos virados com a cabeça para o futuro em vez de ter os pés assentes num passado recente que se apresenta lamacento...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

José Régio e essa luta infindável

De um poeta que possuía na voz toda a força de alguém que luta sem fim por algo que sabe que não atingiria, de alguém que se prestava a um esforço maior do que permitia a sua humana condição, de alguém que apesar de lunático era lúcido na sua vertigem de querer ser maior. Carregamos nas costas a herança de poetas como este mas poucas vezes os lemos e valorizamos. Sou por um País em que sejamos letrados em relação aos que nos precederam neste cantinho da Europa, aos que tornaram Portugal maior
- obrigado poetas, navegadores do outrora, "desbravadores de florestas virgens".
Eu vos louvo, mas mais que louvá-los peço a ti Deus, em que não creio, para que nos dês um amanhã em que a vontade cívica de participação supere a nossa não-vontade, em que as vozes críticas movam multidões e gerem revoluções silenciosas de mentalidades, também nós temos oportunidade de acertar onde os nossos avós falharam. Temos hoje mais desafios do que alguma vez tivemos e sei que podemos vingar hoje e não amanhã. Quero acordar daqui a vinte anos e ver que o que hoje disse é uma profecia e não um desvario de um mero jovem. Quero acordar e orgulhar-me de ser Português.
- olá amanhã, que tens para me dizer?


Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!


Poema do Silêncio

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.


Amanhã será melhor se todos fizermos por isso.
Diogo

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Nota pessoal de Fernando Nobre


Não devia divulgá-lo, mas Fernando Nobre deixou-me a seguinte mensagem na caixa de correio electrónico.

Meus Queridos e Bons Amigos:
Apresentei a minha candidatura há 9 meses e faltam 2 para as eleições que serão decisivas para Portugal, os Portugueses, os Lusófonos e todos os que vivem entre nós.
Até agora já dei tudo o que tinha - poupanças, hipoteca, penhora - e o que não tinha - empréstimos a familiares.
É o esforço de toda uma vida, minha e da minha mulher, em prol de um desígnio para o nosso País que tudo merece.
Só assim foi e será possível garantir o que sempre disse que faria custasse o que custasse: ir até ao fim.
Continuarei a dar tudo, mas tudo mesmo, para alcançarmos o melhor resultado.
Ja não há retorno possível.
Nesta caminhada ganhei centenas de milhares de amigos mas também perdi alguns que pensava fiéis, há décadas. Também constatei que muitas promessas, feitas nesta luta, se foram com o tempo e o vento.
Sem a minha mulher, meus filhos, meus irmãos, alguns fiéis que não me abandonaram nunca e com todos vós, nada teria sido possível.
As assinaturas são disso prova.
Agora peço-vos por favor nesta recta final : dêem os vossos donativos que são necessários e essenciais,não esmoreçam, sejam activos, criativos e imaginativos.
Passem a mensagem pessoa a pessoa, folhetos nos carros e caixas postais, artigos em toda a imprensa...em defesa da nossa causa!
Esta é a VOSSA campanha e para mim não se repetirá.
É a campanha mais poupada de toda a história da nossa Democracia .
Que muitos espantará quando, um dia, se escrever sobre ela.
Outros insultos, ataques, mentiras, silêncios e difamações virão, como os que já recebemos.Ou até piores.
Mas acreditem neste vosso Amigo e Cidadão.
Chegou a hora de por "fogo à peça".
Vamos para a luta e em frente, sem medo, até à vitória dos nossos valores, da Cidadania, dos Portugueses e de Portugal.
Abraço forte deste vosso amigo para sempre.
Fernando Nobre
Percebem agora porque é que não se paga uma sede de campanha? Foi uma estupidez alugar algo tão grande mas falta sem dúvida o apoio partidário e os fundos de que as outras candidaturas beneficiam... É assim que se faz política no nosso país quando não se é partidarizado: dando tudo e recebendo pouco em troca (nomeadamente a ignorância dos meios de comunicação). Se acham que vale a pena apoiar esta candidatura divulguem esta mensagem pois é isto que realmente se passa, são estas as razões (legítimas) para se ter como nosso pertence apenas e só uma sede de candidatura e mesmo essa estar a ser alvo de endividamento.
"Nem que seja preciso andar sozinho com uma bandeira na rua!"

domingo, 14 de novembro de 2010

Algures por cima do arco-íris... (Somewhere over the rainbow)

Na berma da estrada, nuns quinhentos metros,
estão quinhentos mortos com os olhos abertos.

A morte, num sopro, colheu-os aos molhos.
Nem tiveram tempo para fechar os olhos.

Eles bem sabiam dos bancos da escola
como os homens dignos sucumbem na guerra.
Lá saber, sabiam.
A mão firme empunhando a espada ou a pistola,
morrendo sem ceder nem um palmo de terra.

Pois é.
Mas veio de lá a bomba, fulgurante como mil sóis,
não lhes deu tempo para serem heróis.

Eles bem sabiam que o último pensamento
devia estar reservado para a pátria amada.
Lá saber, sabiam.
Mas veio de lá a bomba e destruiu tudo num só momento.
Não lhes deu tempo para pensar em nada.

Agora,
na berma da estrada, nuns quinhentos metros,
são quinhentos mortos com os olhos abertos.

António Gedeão, in 'Linhas de Força'



Que heroísmo é este? Que luta nos leva a levar para cenários de guerra jovens e não tão jovens soldados, deixando-os lutar num sopro sem fim de glória fingida, numa luta infindável de patriotismo inflado, numa morte indigna de pouco heróica que é?

As lutas mais dignas são as que se fazem sem armas de fogo, são as que tornam gerações em Gerações, as que têm um cariz humanista e visam mudar o paradigma e a mentalidade vigente. Por vezes
- gostava de ter vivido na época do 25 de Abril
- o que é isso
perguntam vocês. Que época foi essa? Mitificada pela poeira da estória que nos é contada, pouco polida na memória dos pais e avós que nos transmitem, esta época é, continuo a crê-lo, um dos maiores períodos de participação civica da nossa História. Todos tinham ideias a expôr...
(- ideas estúpidas, 'tavamos bem era com o salazar)
não era?

Falta na nossa sociedade essa vontade que julgo ter existido, essa força comum, esse crer na
-democracia, é este regime que habitamos?
- "o pior de todos, excepto todos os outros"
Bom velho Churchill... Será que é um ideal para se viver? Voltar a credibilizar a classe política? Devolver ao país a esperança?

Eu digo que não.
- o quê, diogo?! Tu que és todo de mudança e não sei o quê, não acreditas nisso? Nem tu?
Nem eu. É insensato acreditar que passar a minha vida a lutar pela credibilização da classe trabalhadora mais descredibilizada no país (e quem sabe no mundo) é algo atingível em vida. É e sempre será nobre, mas é e sempre será inglório, destruidor da pessoa que luta, e necessitado de seguimento nas gerações seguintes.
-quero simplesmente ser feliz
como dizia em puto, e sei que nunca o serei se só dedicar a minha vida a isso.



Obrigado pela intervenção, mas este que fala em itálico não sou eu. Este seria o meu discurso se não fosse teimoso. Não, não vou dedicar a minha vida só a isso, mas não esperem de mim a resignação. Convencerei todos quantos for possível de que mudar não é uma palavra em desuso. Tenho a certeza de que vou chegar à conclusão que isso só se faz com passos simples. Não posso procurar passos de gigante pois nunca os atingiria e estaria a condenar-me ao pessimismo após a derrota ou ao optimismo insensato e sem qualquer sentido de realidade.

Comprometo-me aqui, e perante todos os que quiserem ouvi-lo, a tornar portugal em algo maior. Quero viver para falar com todas as classes sociais, visitar todas as latitudes do país, conhecer todas as opiniões sobre o melhor para nós, maturar tudo o que vi, ouvi e tacteei e criar o melhor que já viram. Não vou ser mais um. Não posso ser mais um. Não me vou enfiar num partido a não ser que precise mesmo disso para atingir este fim, vou pedir ajuda a todos e vou tentar ajudar quase todos - mesmo os que me recusarem auxílio. Quero criar a melhor equipa que já viram, uma equipa com um espectro político diversificado, uma equipa que não se guie pela ideologia mas pelo ideal de acção, que busque consensos e aquilo que acha que é na realidade o melhor para o país. Vamos errar. Vamos ser criticados e vão-nos travar o caminho, mas não atacaremos na mesma moeda. Quero um grupo de pessoas que não estejam interessadas neste projecto como um meio para a popularidade ou para um melhor salário, mas sim que se revejam nesta vontade. Só com uma equipa espalhada pelos diversos sectores do país é que conseguiremos atingir este fim. Só com uma vontade comum, com uma vontade explícita de agregagação em torno deste objectivo, com uma dignidade que muitos julgam perdida e com uma força que muitos julgarão não termos, só assim chegaremos a algo. Quero congregar Portugal e projectá-lo no mundo como uma nação pela qual vale a pena lutar. Quero ouvir todos os sectores de actividade do país
-alguém tem uma lista de profissões existentes neste cantinho da europa? Estou a precisar duma...
Só descansarei quando tiver um certo à frente de cada profissão em como já falei com eles e já recolhi a sua opinião. Vou fazer um mostruário de medidas necessárias para um país melhor e espero viver para o pôr em prática.
-chamem-me idealista! Chamem...! Chamem-me doido varrido, irrealista, insensato, demasiado isto ou demasiado aquilo
será um prazer ouvi-lo. Serão elogios. Chovam-me com críticas em relação ao que fizer mas venham-me com elas estruturadas e construídas. Não me venham com ataques à vida pessoal mas sim com projectos a dizer-me o que está de errado no que faço e o que posso fazer para melhorá-lo. Nesse momento serão mais um na nossa equipa. Vou precisar de braços direitos, esquerdos, pernas, pés, cabeças, troncos... E vou precisar de pessoas muito melhores que eu, que vejam muito para lá de mim e me elevem ao seu nível. Só tenho um pedido para vocês
- ajudem-me
e uma pergunta
- quem está comigo?

Espero daqui a uns anos continuar a ser o rapaz que escreveu este texto, espero comover-me ao lê-lo. Se me estiver a desviar desta pessoa, por favor avisem-me e ponham-me novamente no carril. Venham para o carril comigo. Guiem-me.

Não vou ser um político, vou fazer política.



Dedicado a todos os que já sonharam e concretizaram uma mudança que os restantes criam impossível.
Carpe Diem
Diogo

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

What's life made of?

algures em 2008, escrevi isto...:

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A vida é marcada por passagens.
O resto é porosidade etérea e nadas cheios de um nada ainda maior.

Passamos por pessoas, passamos por lugares, passamos por momentos, passamos por sentimentos, passamos às vezes só por passar.

Isso revolta-me. O sentimento de revolução é dos sentimentos mais fortes que existem. A início fixa-se apenas um objectivo, um propósito, uma razão. Quando a necessidade de mudança é tão enormemente grande, somos assaltados por aquele instinto mordaz...a Revolta. A Revolta impõe-se em tudo, a Mudança. (Admiro esta palavra...!).

Precisamos de mais malucos na rua a gritar pelos seus altos propósitos. Ao menos esses enchem-se de vontade e lutam na sua contestação, de punho erguido (e andar ziguezagueante), pela sua tão (in)contestável verdade... Porque é que será que vejo tanta acrasia no modo de vida de cada pessoa? "Isto está mal!", "Aquilo devia ser mudado!","A vida está difícil para todos!"... Depois, em vez de se esforçarem por mudar isso, por criar algo melhor a partir da podridão... mantém tudo igual. Para que existem os pensamentos senão para dar lugar a acções?

Passamos muito ao largo da vida. Raros afortunados foram os que desfrutaram dela com verdadeira Paixão. Sim, disse Paixão. Sou completamente apaixonado pela vida. Viver é uma arte. Todos somos actores neste palco, mas só esses raros conseguem o papel principal. Vemos a vida por vezes como um casamento - se já a temos, para quê seduzi-la? Para quê namora-la? Podemos simplesmente tê-la e passar o resto dos nossos dias com ela sem lhe dar grande importância... (Revolta-me!).

Vivo demais, eu sei... Cada momento é aproveitado para um sorriso, para uma alucinação, para desfrutar desse Prazer. Faz-me um mal sarcástico. É um certo escárnio. O que digo é quase igual ao que faço, e ainda assim, sei que vivo demais. Até no amor deve haver limites... Barreiras invisíveis que nos façam parar quando a cegueira nos ocupa todo o ser, entorpecendo a alma. Caminho no limiar, desequilibrando-me constantemente para o lado do abismo, mas mantendo um equilíbrio estável. A estabilidade é conseguida com muitos braços, muitas mãos, muitos beijos, muitas palavras. A cada acontecimento destes parece que adquiro um novo andar nessa corda do limiar. Ando mais direito, com mais certezas.

Sei que viver é a minha profissão.
Vivo verdadeiramente em tudo o que faço. Vivo para Viver.
Desculpem aqueles que desiludo, desiludi e desiludirei. Só vocês realmente me dão a tal estabilidade. Só vocês são indulgentes com cada abanão que tenho. Só vocês...
São muitos eu sei, são também apaixonados, talvez não tanto como eu, mas igualmente malucos. Digo malucos, pois parece a palavra mais adequada no nosso não-vocabulário para exprimir "os que lutam e defendem os seus propósitos com todas as suas forças"...Não amaldiçoes a chuva, deixa-te ficar na rua e sente o prazer do seu toque! Não amaldiçoes a planta que te pica a delicadeza da perna (e do ser), chega-te antes ao pé dela e observa a sua beleza! Não amaldiçoes o conselho de um pai ou de uma mãe, escreve-os e verás neles verdades incontornáveis! Não amaldiçoes um livro que te mandam ler, lê-o e aprecia a sua mensagem, acaricia a macia sabedoria das páginas de papel! Não amaldiçoes o maluco, chega-te ao pé dele e será a pessoa que mais verdades te dirá em toda a tua vida! Não amaldiçoes o pobre, ouve-lhe a história e fica admirado com a falta de oportunidades que teve!

Vive cada momento compreendendo o que podes desfrutar nele.
Valoriza o som, o toque, o gosto, a visão, o cheiro...
Pensa como foi a tua vida, se morresses agora...
Já pensaste? Muito bem! Agora diz-me, valeu a pena tudo o que fizeste ou houve algo que ficou por dizer naquele momento, algo que ficou por viver naqueles instantes, algo que poderias ter mudado e não mudaste.
Só terá valido a pena, se não houver um "mas"!
A vida é feita de passagens, meu amigo...!


Carpe Diem
POR: DIOGO

Sai um quente e frio com um sorriso

 Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009

Todos os dias saio de casa por volta das sete e meia da manhã. Deambulo até às escadas, ziguezagueio pelos degraus e caio no assento do carro. Por um caminho de terra, uma estradinha mal alcatroada, uma estrada alcatroada e uma auto-estrada alcatroadíssima chego ao céu
- ao céu diogo?!
- sim, ao Céu. No alto de um monte, à altura dos moinhos, um laranja ofuscante. Todos os dias. Todos os dias um laranja ofuscante. Os primeiros sinais são o céu azul, arroxeado, cor-de-rosa e alaranjado. É necessário subir mais alto para O receber. Um círculo desenhado no tecto do mundo.

Quente. Quente como a felicidade e o deslumbramento.

Todos os dias. Todos os dias liberto, da prisão que são os meus olhos, uma gotícula de água e sal (aquilo a que chamam lágrima). Escorre-me face abaixo. Preenche todos os buraquinhos do meu coração, todos os cantinhos onde há mágoa ou frustração, ódio, raiva, ressentimento... Calma. Acalma-se o coração e sai-me a emoção. Escorre-me o mar e é o sal que fica, como lembrança de onde pertenço.
- de mim vieste e deixo-te um pouco de mim, diz-me
O mar. Quantas confidências me conta. Abre-se o horizonte e observo. Tejo. Lezíria. Névoa. Longe. Miragem. A água corre no retrato, tudo o resto fica imóvel. Só, a água corre neste retrato. Quando passa reflecte, o sol e dá-me um quadro. Todos os dias. Recebo um quadro todos os dias. Guardo nesse livro de bolso (aquilo a que chamam memória) e anoto na página do hoje. (Não devia pôr dias pois todos são hoje. Ponho só porque sou do contra. Contra a corrente que me liga ao ontem e me prende ao amanhã).
- aos dezasseis dias do mês de outubro de dois mil e nove recebi um quadro. Era uma peça de teatro. No cenário estava desenhado um sol enorme, tão grande que se fosse criança teria pedido ao meu Pai para guiar em direcção a ele e lhe poder tocar. "Só um dedinho Pai, não te peço mais do que isso". Corriam, de um lado para o outro, carrinhos de brincar e formigas enchiam o palco. Havia umas linhas cinzentas no chão e algumas casas feitas de lego. Daquelas que se constroem e destroem consoante as histórias que se quer contar. Mas sabes o que me marcou, memória? O sal que me ficou numa linha até aos lábios e o rio que, imune a todos os segundos, a todas as histórias, a todos os carrinhos, a todas as formigas, a todas as linhas cinzentas, a todas as casas, corria sem parar. Sabes o que me marcou, memória? Acho que, num dado instante, ele parou. O rio parou e olhou para mim. Os meus olhos, com a ansiedade daquele momento, tiraram uma fotografia.
Foi nesse momento, nesse preciso momento, que o rio entrou em mim e eu nele.

Frio. Frio como a felicidade e o deslumbramento.

Escorreu, tocou-me os lábios, entrou em mim. O quente e frio que tomo todas as manhãs alimenta-me para o resto do dia e dá-me sentido para todos os hojes que vivo.
- o que é que deseja?
- um sorriso, e é o que recebo
Todos os dias. Todos os dias recebo no café da esquina (aquele com o bonito quadro) o meu quente e frio com um sorriso.

POR: DIOGO
Carpe Diem

Pulgas (1)

Quarta-feira, 2 de Dezembro de 2009

Estou, como afirma o vulgo, em pulgas.
Sim, estou mesmo em pulgas.

Há seis anos pegaram em mim, rapaz de onze primaveras, e trouxeram-me para longe do mar. Sonhava com muito, tinha poucas certezas... Uma, no entanto, foi-se cimentando ao longo do tempo decorrido. Quero voltar para o mar.
"Há mar e mar, há ir e voltar". É verdade. Fui e volto sempre que posso para senti-lo. A água, a areia, o sol, eu, o meu nascimento, o lugar a que pertenço.
- quando voltar volto com uma prancha
dizia eu. Digo eu. E o momento está tão próximo...!

Respirei durante anos o ar de terra para poder lembrar-me do que me faz falta o sal do ar, quando estou junto a Ele. (Ela, aliás, A Mar). Hoje não respiro, suspiro, tomo goles de ar bem fundo. Inspira. Expira. Inspira. Expira. Anseio.

Estou em pulgas.
Na terça feira comprei um fato isotérmico. Cheguei à loja e
- olha podia ser a minha prenda de
Natal. Tirei medidas a olho, telefonei para a Carol dez vezes (não me atendeu, claro) e fui para os provadores. Medida perfeita. Escuso-me obviamente a dizer que já o vesti em casa várias vezes e que esta noite não dormi pois sonhava acordado e nervoso. Sonhava que estava numa prancha, ondas de 4 metros mas eu na espuma. Um vulto na praia a dar-me instruções e eu na água. A regressar. Sonhava com o meu primeiro dia de surf. Sonhava com a próxima terça-feira.

Já me levanto correctamente no chão de soalho do meu quarto. Estou em pulgas.



Carpe Diem
DIOGO DA SILVA

domingo, 7 de novembro de 2010

Felicidade...



-o que queres ser quando fores grande?
perguntava-nos quando sabiam que a nossa sapiência não chegaria a tanto. Vinham-nos então, na ponta da língua, profissões como:
-bombeiro
-jogador de futebol
-polícia
-astronauta
Crescíamos uns anos e a resposta passava a
-quero ser feliz.
O que é então ser feliz? Como se chega lá? Está reservado a ricos e santos ou eu posso ser feliz? Será que existe "aquela terra de suavidade"?

Assim como não se é triste, conformado, zangado, solitário... não se é feliz. Está-se feliz. A felicidade é simples. É um momento ou sucessão de momentos de alegria. Sente-se aquele calor confortante, os lábios afastam-se para desenhar o sorriso e está-se feliz. Poderia enumerar o rol de processos fisiológicos que levam à felicidade. Mas não, não é isso que me interessa. Interessam-me os motivos, o gatilho que dispara a adrenalina, a primeira peça do dominó.

Pergunta-te. Responde-te. A mim não me importa a tua conclusão. Preocupa-me apenas que haja tantos indivíduos neste mundo que não se questionam.

-a mim faz-me feliz o tilintar da moeda no copo do sem-abrigo, o sabor doce do morango ao passar na língua, os olhos de quem gosto repousados nos meus, o laranja intenso do pôr-do-sol na praia, a gargalhada de um bebé, o sucesso após o trabalho, a calma de uma noite deitada num saco-cama a olhar as estrelas, o vento que me despenteia mas faz sorrir, o calor de um abraço, uma carta de amor, aquela pequena prenda que não estava À espera... Nesses momentos sereno. Suavemente esvazio-me de todos os problemas que tive, tenho ou terei e estou feliz.

Não fiques à espera dos motivos para a tua felicidade, procura-os. Busca. Luta. Conquista. Vive. Descobre a felicidade. Saberás sempre que ela se vai, mas não desitas que ela não desistirá de ti.

Procura "aquela terra de suavidade" e...
...vive a procura.

Para RGF
CARPE DIEM
Diogo

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Não há pessoas inatacáveis

Tenho-me vindo a aperceber que não há pessoas inatacáveis, de facto.
-sim, diogo, grande conclusão a que tu chegaste...
dirão vocês.

Com os poucos anos de vida que tenho, estou a atravessar a fase do iluminismo, uma fase em que tudo parece diferente - dão-nos espaço para sermos idílicos, saltarmos do senso comum para a censura comum, imaginar que o mundo pode ser melhor, que as nossas mãos podem ser as primeiras a mudá-lo, que os nossos pés vão passar fronteiras nunca antes atravessadas, que podemos deixar "isto" um pouco melhor do que o encontramos.

Não será fácil, mas é concretizável.

No seguimento desta vontade de renovação, vi-me envolvido com a campanha presidencial do doutor fernando nobre. Um homem de valores, que já provou o seu Humanismo, que já lutou por muita injustiça, que já deu muitas dores de cabeça a governantes e empresários por esses países fora, que já salvou muitas vidas. Sim, ele fez isto tudo
(-porque não um pouco de iluminismo à mistura?)
(sorrio)
Após pouco mais de um mês de divulgação, já ouvi muito. Já conversei no chiado com a senhora Isidora, angolana radicada na graça, que veio para cá
- quase sem tostão!
e cujos filhos são hoje advogados e também atentos à política
- o meu João está agora a trabalhar, ele também anda nessas coisas da política, é da cdu acho eu, sim, é da cdu sim, mas eu levo-lhe este papelinho, que realmente temos que mudar as coisas, não podemos ficar indiferentes e o senhor Nobre parece-me bem, eu também já fui lá à ami
-soraaa Isidora!
-vês, era a minha vizinha, isto somos gente pobre mas simpática, olha, sabes o boss ac, esse também já la foi a minha casa, fiz-lhe assim uma bela cachupa, ele vinha lá com os meus filhos e os amigos todos, convidava-os sempre para minha casa e vinham aos dez, bem que eles gostavam da minha cachupa.
Vinte minutos com a senhora Isidora e outros tantos com a Senhora, outra idosa que encontrei na zona de alvalade que quando o meu
- já conhece o fernando nobre?
lhe chegou ao andar apressado, até me disse
- não não, não conheço
- há bocado até disse isso para te despachar,
revelou-me passados uns minutos. Também me chegou muita indignação. Quando mandei pelo facebook uma mensagem pedindo ajuda para a campanha e com o intuito de defender os não interessados com um "se não querem receber mais mensagens destas digam-me que eu tiro-vos da lista", uma das respostas que me chegou foi
- ainda temos que te mandar mensagens para ti a dizer que não queremos? Devias era perguntar quem é que queria.
Pouco depois escrevi no meu estado uma declaração alegando falta de interesse da comunicação social em relação à candidatura e denunciando as tentativas de denegrimento da sua imagem. Entre vários números (6% nas sondagens, minutos de tempo de antena...) coloquei "25 000km pelo país". Nova resposta da mesma pessoa
-com tantos números, quanto é que o candidato em questão já gastou dos dinheiros públicos em campanha? Só para saber quanto tenho de pagar do meu salário para a brincadeira! =)
e talvez tenham razão. Até mesmo a distribuir panfletos chegam situações do género
- nesse carro só cavaco, só cavaco
passados cinco minutos quando vinha a descer a rua
- nesse carro só cavaco, só cavaco.
E novamente no facebook
- pá!
- como é que te deixas cair nisso?


Não há ninguém que consiga chegar aos seus cinquenta e oito anos sem ter nada que se lhe aponte de mal no currículo. É fácil apontar defeitos. Olhem para mim: falta-me humildade por vezes, ajo de forma egoísta na maioria das ocasiões, não decoro as notas de ninguém (nem mesmo as da minha namorada nos exames nacionais), trato de inventar tudo e mais alguma coisa para não ter que cavar ou cortar ervas no terreno de um hectare em que tenho a casa; e tenho tantos outros defeitos. Ainda só vou nos dezoito anos, onde é que isto irá parar quando tiver mais cinquenta...


Como é que me deixo cair nisto? Iluminismo, meus caros amigos.

Sim, fernando nobre é atacável. Sim, tem defeitos. Sim, alguns graaaandes defeitos. Sim, já deve ter gasto dinheiro público. Sim, se calhar estou a perder o meu tempo. Sim, há muita gente de respeito contra esta candidatura. Sim, há muitas boas razões para não votar nele. Sim, estamos quase todos cansados e desacreditados na classe política. Sim, o normal é fazerem muita asneira. Sim, a ordem de despejo da sede de candidatura é bem real.


Mas sim, eu acredito que o cargo de presidente da república pode passar a presidente da República. Sim, eu acredito que fernando nobre merece o seu último apelido. Sim, eu acredito que não é ficando parado que vou mudar alguma coisa.  Sim, os jovens podem mudar o mundo. Sim, todas as gerações têm a oportunidade de ser a geração da renovação. (Sim, estou a escrever furiosamente no teclado). Sim, temos que mudar mentalidades. Sim, não há só portugueses pessimistas, há Portugueses que se querem orgulhar do país que têm. Sim, prefiro votar no minimamente bom do que nos menos maus. Sim, ele vai perder o meu voto logo que me desapontar.


Tenho dito.


p.s.: aproveitem a vida!
CARPE DIEM
Diogo

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Os tristes dias do nosso infortúnio

Apesar do palavreado difícil, a ideia geral é bastante clara... O autor é Baptista Bastos, escritor e jornalista e foi publicado no suplemento "Weekend" do Jornal de Negócios de 29/10/2010. Será que temos mesmo que chegar a este estado ou vamos conseguir ser nós a mudar?

"O dr. Cavaco consumiu vinte minutos, no Centro Cultural de Belém, a esclarecer os portugueses que não havia português como ele. Os portugueses, diminuídos com a presunção e esmagados pela soberba, escutaram a criatura de olhos arregalados. Elogio em boca própria é vitupério, mas o dr. Cavaco ignora essa verdade axiomática, como, aliás, ignora um número quase infindável de coisas.

O discurso, além de tolo, era um arrazoado de banalidades, redigido num idioma de eguariço. São conhecidas as amargas dificuldades que aquele senhor demonstra em expressar-se com exactidão. Mas, desta vez, o assunto atingiu as raias da nossa indignação. Segundo ele de si próprio diz, tem sido um estadista exemplar, repleto de êxitos políticos e de realizações ímpares. E acrescentou que, moralmente, é inatacável.

O passado dele não o recomenda. Infelizmente. Foi um dos piores primeiros-ministros, depois do 25 de Abril. Recebeu, de Bruxelas, oceanos de dinheiro e esbanjou-os nas futilidades de regime que, habitualmente, são para "encher o olho" e cuja utilidade é duvidosa. Preferiu o betão ao desenvolvimento harmonioso do nosso estrato educacional; desprezou a memória colectiva como projecto ideológico, nisso associando-se ao ideário da senhora Tatcher e do senhor Regan; incentivou, desbragadamente, o culto da juventude pela juventude, característica das doutrinas fascistas; crispou a sociedade portuguesa com uma cultura de espeque e atrabiliária e, não o esqueçamos nunca, recusou a pensão de sangue à viúva de Salgueiro Maia, um dos mais abnegados heróis de Abril, atribuindo outras a agentes da PIDE, "por serviços relevantes à pátria." A lista de anomalias é medonha.

Como Presidente é um homem indeciso, cheio de fragilidades e de ressentimentos, com a ausência de grandeza exigida pela função. O caso, sinistro, das "escutas a Belém" é um dos episódios mais vis da história da II República. Sobre o caso escrevi, no Negócios, o que tinha de escrever. Mas não esqueço o manobrismo nem a desvergonha, minimizados por uma Imprensa minada por simpatizantes de jornalismos e por estipendiados inquietantes. Em qualquer país do mundo, seriamente democrático, o dr. Cavaco teria sido corrido a sete pés.

O lastro de opróbrio, de fiasco e de humilhação que tem deixado atrás de si, chega para acreditar que as forças que o sustentam, a manipulação a que os cidadãos têm sido sujeitos, é da ordem da mancha histórica. E os panegíricos que lhe tecem são ultrajantes para aqueles que o antecederam em Belém e ferem a nossa elementar decência.

É este homem de poucas qualidades que, no Centro Cultural de Belém, teve o descoco de se apresentar como símbolo de virtudes e sinónimo de impolutabilidade. É este homem, que as circunstâncias determinadas pelas torções da História alisaram um caminho sem pedras e empurraram para um destino que não merece - é este homem sem jeito de estar com as mãos, de sorriso hediondo e de embaraços múltiplos, que quer, pela segunda vez, ser Presidente da nossa República. Triste República, nas mãos de gente que a não ama, que a não desenvolve, que a não resguarda e a não protege!

Estamos a assistir ao fim de muitas esperanças, de muitos sonhos acalentados, e à traição imposta a gerações de homens e de mulheres. É gente deste jaez e estilo que corrói os alicerces intelectuais, políticos e morais de uma democracia que, cada vez mais, existe, apenas, na superfície. O estado a que chegámos é, substancialmente, da responsabilidade deste cavalheiro e de outros como ele.

Como é possível que, estando o País de pantanas, o homem que se apresenta como candidato ao mais alto emprego do Estado, não tenha, nem agora nem antes, actuado com o poder de que dispõe? Como é possível? Há outros problemas que se põem: foi o dr. Cavaco que escreveu o discurso? Se foi, a sua conhecida mediocridade pode ser atenuante. Se não foi, há alguém, em Belém, que o quer tramar.

Um amigo meu, fundador de PSD, antigo companheiro de Sá Carneiro e leitor omnívoro de literatura de todos os géneros e projecções, que me dizia: "Como é que você quer que isto se endireite se o dr. Cavaco e a maioria dos políticos no activo diz 'competividade' em vez de 'competitividade' e julga que o Padre António Vieira é um pároco de qualquer igreja?"

Pessoalmente, não quero nada. Mas desejava, ardentemente desejava, ter um Presidente da República que, pelo menos, soubesse quantos cantos tem "Os Lusíadas." "
Junto vão as palavras que podem causar alguma dificuldade de compreensão do texto:
soberba - arrogância
vitupério - insulto; injúria; ultraje
eguariço - diz-se do muar que procede de égua e de burro
desbragadamente - desenfreadamente
espeque - paliativo
atrabiliária - cólera
estipendiados - assalariados
opróbrio - desonra pública
panegíricos - louvores
jaez - adorno (fig. género; espécie; qualidade; calibre)

Pulgas

Como primeira entrada acho que devia mostrar um dos textos que mais gosto do que já tenho escrito. Escrito no dia 8 de Dezembro de 2010, diz muito de mim. A mão de que falo estava partida, descobri-o dois dias depois...

"Estou em pulgas. Outra vez.


Eu sei, agora estão aí vocês a pensar
- que mania que aquele rapaz tem, não para quieto, parece que tem
Bicho carpinteiro. De facto tenho. O que quer que seja bicho carpinteiro vive em mim com plena força.

Vim agora da praia, fui tomar banho com um dos meus melhores amigos - o fato isotérmico, claro -, e estou agora aqui, ainda de cabelo molhado a passar para o computador o que o meu bichinho carpinteiro quer transmitir. (Tomei por liberdade chamar-lhe bichinho, porque bicho carpinteiro toma um ar demasiado vulgar e o sufixo inho sempre dá um tom adocicado e carinhoso a algo que, no fundo no fundo, é um bicho como outro qualquer).
Levantei-me às seis e vinte e preparei tudo. Saí, dirigi-se para o ônibus ainda de noite e às dez da manhã estava dentro de água. Eu e o meu vulto de estimação, a Carolina Pereira. Doía-me a mão direita, acho até que ela não está nada bonita, deve ter para aqui um osso deslocado porque o meu vulto até disse assim
- ena paaaaah, ganda trissomia que tens para aí, isso está mesmo feio
- não há-de ser
Nada. E não foi mesmo. Doía-me antes de ir para a água, doi-me depois de vir da água. Por algum motivo que ignoro (excitação, compenetração, frio...?) não me doeu um segundo que fosse. Portou-se à altura da mão de um aspirante a surfista
- parabéns Mão!
Desculpem, tinha que lhe agradecer. Já me levantei cinco vezes, andei de joelhos outras tantas e, nas restantes tentativas, pus a lingua de fora, trinquei a língua e voltei para trás com a prancha no braço
- é desta!
E não foi. Língua, dentes, trincar, voltar.
E não foi. Língua, dentes, trincar voltar.
E não foi. E foi. E não foi. E não foi. E não foi.

E foi uma chegada e uma partida.
Uma chegada a onde vim. Um caminho longo, longo demais, uma convicção, uma paixão, uma conquista. Durante demasiado tempo fui para de onde vim. Agora vou para de onde venho.
Uma partida para uma aventura. Uma partida para um caminho longo, uma convicção, uma paixão mais apaixonada, uma conquista por conquistar.

A certa altura fui arrastado pela corrente para bem fora das espumas. Ondas de cerca de dois ou três metros e eu, com uma 7''2', sem me saber por em pé e com o risco de levar com uma quilha ou, melhor!, um nose na cabeça. Nadei, mas a corrente puxava-me para fora. Nadei ainda mais e, não ouvindo aquela que me gritava da praia, vim a nadar, prancha atada ao pé, braços e pernas a dar-lhe forte, até à espuma. Quando cheguei ao pé da Carol
- ai diogo estava tão nervosa, eu nem te via, só via a prancha e eu diogooooo diogooooo!
- na boa, nem houve grande stress, só estava com medo de levar com algum gajo em cima
- ai diogo tu não me faças outra
Dessas não faço de certeza tão cedo. Ou talvez faça, mas sem prancha. Foi ele a puxar-me, a dizer-me
- vem sentir a minha força que amanhã talvez possa eu sentir a
Tua. E vai sentir. Vai sentir sim.

Estou em pulgas sim. Quero voltar. Quero mostrar-lhe a Ele e mostrar-me a mim a minha força.
Língua, dentes, trincar, voltar.
Língua, dentes, trincar, voltar.

Dou por mim a cantar Chuva de Mariza, sobre saudade e ida e volta:
"As coisas vulgares que há na vida, não deixam saudade
Só as lembranças que doem, ou fazem sorrir
Há gente que fica na história, na história da gente
E outras de quem nem o nome lembramos a ouvir

São emoções que dão vida à saudade que trago
Aquelas que tive contigo e acabei por perder
Há dias que marcam a alma e a vida da gente
E aquela em que tu me deixaste, não posso esquecer

A chuva molhava- me o rosto, gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha, já eu percorrera
Lá em meu choro de moça perdida, gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva a instantes, caíra

A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro, trazendo a saudade

A chuva molhava-me o rosto, gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha, já eu percorrera
Lá em meu choro de moça perdida, gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva a instantes, caíra

A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro, trazendo a saudade"

Chove no meu olhar.
Até amanhã Mar.


CARPE DIEM
DIOGO DA SILVA"

Aloha

Boa tarde a todos!

Este é um blog pessoal e transmissível, por vezes banal, outras inoportunista ou politicamente incorrecto.
É um blog em que vou dizer o que penso, gerar debates e pôr os que conseguir em reboliço. Quero com este blog mostrar quem sou, porque sou, quem quero ser e espero chegar a ver aqui quem fui.

É um blog para amigos, família e desconhecidos que me quiserem conhecer. Ver-me-ão aqui a fazer projectos, a publicar opiniões de outros que achei interessante, a postar vídeos, a comentar livros e quem sabe até a falar sobre vocês.

É, por isso, um blog de todos e para todos com um objectivo muito claro: nunca usar a expressão
- falamos depois.

O que houver para ser dito tem que ser dito e divulgado, expressado por nós - seja uma voz indignada, defraudada ou animada, assustada ou ressuscitada de alguém. É uma loja de conveniência onde, até no meio da noite, encontrarão o que querem encontrar (mas sem o inconveniente de vir com preços inflacionados - aqui o único preço é o que cada um de nós paga ao final do mês pela Internet no seu computador).

Quero ouvir críticas pois serão elas que me farão evoluir e esse é um objectivo também claro deste blog.

Sejam benvindos... :D

Diogo