quinta-feira, 11 de novembro de 2010

What's life made of?

algures em 2008, escrevi isto...:

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A vida é marcada por passagens.
O resto é porosidade etérea e nadas cheios de um nada ainda maior.

Passamos por pessoas, passamos por lugares, passamos por momentos, passamos por sentimentos, passamos às vezes só por passar.

Isso revolta-me. O sentimento de revolução é dos sentimentos mais fortes que existem. A início fixa-se apenas um objectivo, um propósito, uma razão. Quando a necessidade de mudança é tão enormemente grande, somos assaltados por aquele instinto mordaz...a Revolta. A Revolta impõe-se em tudo, a Mudança. (Admiro esta palavra...!).

Precisamos de mais malucos na rua a gritar pelos seus altos propósitos. Ao menos esses enchem-se de vontade e lutam na sua contestação, de punho erguido (e andar ziguezagueante), pela sua tão (in)contestável verdade... Porque é que será que vejo tanta acrasia no modo de vida de cada pessoa? "Isto está mal!", "Aquilo devia ser mudado!","A vida está difícil para todos!"... Depois, em vez de se esforçarem por mudar isso, por criar algo melhor a partir da podridão... mantém tudo igual. Para que existem os pensamentos senão para dar lugar a acções?

Passamos muito ao largo da vida. Raros afortunados foram os que desfrutaram dela com verdadeira Paixão. Sim, disse Paixão. Sou completamente apaixonado pela vida. Viver é uma arte. Todos somos actores neste palco, mas só esses raros conseguem o papel principal. Vemos a vida por vezes como um casamento - se já a temos, para quê seduzi-la? Para quê namora-la? Podemos simplesmente tê-la e passar o resto dos nossos dias com ela sem lhe dar grande importância... (Revolta-me!).

Vivo demais, eu sei... Cada momento é aproveitado para um sorriso, para uma alucinação, para desfrutar desse Prazer. Faz-me um mal sarcástico. É um certo escárnio. O que digo é quase igual ao que faço, e ainda assim, sei que vivo demais. Até no amor deve haver limites... Barreiras invisíveis que nos façam parar quando a cegueira nos ocupa todo o ser, entorpecendo a alma. Caminho no limiar, desequilibrando-me constantemente para o lado do abismo, mas mantendo um equilíbrio estável. A estabilidade é conseguida com muitos braços, muitas mãos, muitos beijos, muitas palavras. A cada acontecimento destes parece que adquiro um novo andar nessa corda do limiar. Ando mais direito, com mais certezas.

Sei que viver é a minha profissão.
Vivo verdadeiramente em tudo o que faço. Vivo para Viver.
Desculpem aqueles que desiludo, desiludi e desiludirei. Só vocês realmente me dão a tal estabilidade. Só vocês são indulgentes com cada abanão que tenho. Só vocês...
São muitos eu sei, são também apaixonados, talvez não tanto como eu, mas igualmente malucos. Digo malucos, pois parece a palavra mais adequada no nosso não-vocabulário para exprimir "os que lutam e defendem os seus propósitos com todas as suas forças"...Não amaldiçoes a chuva, deixa-te ficar na rua e sente o prazer do seu toque! Não amaldiçoes a planta que te pica a delicadeza da perna (e do ser), chega-te antes ao pé dela e observa a sua beleza! Não amaldiçoes o conselho de um pai ou de uma mãe, escreve-os e verás neles verdades incontornáveis! Não amaldiçoes um livro que te mandam ler, lê-o e aprecia a sua mensagem, acaricia a macia sabedoria das páginas de papel! Não amaldiçoes o maluco, chega-te ao pé dele e será a pessoa que mais verdades te dirá em toda a tua vida! Não amaldiçoes o pobre, ouve-lhe a história e fica admirado com a falta de oportunidades que teve!

Vive cada momento compreendendo o que podes desfrutar nele.
Valoriza o som, o toque, o gosto, a visão, o cheiro...
Pensa como foi a tua vida, se morresses agora...
Já pensaste? Muito bem! Agora diz-me, valeu a pena tudo o que fizeste ou houve algo que ficou por dizer naquele momento, algo que ficou por viver naqueles instantes, algo que poderias ter mudado e não mudaste.
Só terá valido a pena, se não houver um "mas"!
A vida é feita de passagens, meu amigo...!


Carpe Diem
POR: DIOGO

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