quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pulgas (1)

Quarta-feira, 2 de Dezembro de 2009

Estou, como afirma o vulgo, em pulgas.
Sim, estou mesmo em pulgas.

Há seis anos pegaram em mim, rapaz de onze primaveras, e trouxeram-me para longe do mar. Sonhava com muito, tinha poucas certezas... Uma, no entanto, foi-se cimentando ao longo do tempo decorrido. Quero voltar para o mar.
"Há mar e mar, há ir e voltar". É verdade. Fui e volto sempre que posso para senti-lo. A água, a areia, o sol, eu, o meu nascimento, o lugar a que pertenço.
- quando voltar volto com uma prancha
dizia eu. Digo eu. E o momento está tão próximo...!

Respirei durante anos o ar de terra para poder lembrar-me do que me faz falta o sal do ar, quando estou junto a Ele. (Ela, aliás, A Mar). Hoje não respiro, suspiro, tomo goles de ar bem fundo. Inspira. Expira. Inspira. Expira. Anseio.

Estou em pulgas.
Na terça feira comprei um fato isotérmico. Cheguei à loja e
- olha podia ser a minha prenda de
Natal. Tirei medidas a olho, telefonei para a Carol dez vezes (não me atendeu, claro) e fui para os provadores. Medida perfeita. Escuso-me obviamente a dizer que já o vesti em casa várias vezes e que esta noite não dormi pois sonhava acordado e nervoso. Sonhava que estava numa prancha, ondas de 4 metros mas eu na espuma. Um vulto na praia a dar-me instruções e eu na água. A regressar. Sonhava com o meu primeiro dia de surf. Sonhava com a próxima terça-feira.

Já me levanto correctamente no chão de soalho do meu quarto. Estou em pulgas.



Carpe Diem
DIOGO DA SILVA

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